Empreendedores levam grande parte do seu tempo avaliando novos negócios. Mas será que analisam de forma apropriada os
desafios? Frequentemente recebo perguntas quanto a determinados planejamentos,
mas o que vejo? Ora hipóteses de números irreais de faturamento, ora negligência
ou descuido na apuração dos gastos potenciais. A chance de ser bem-sucedido sem
uma boa análise é muito menor do que a de um resultado ruim.
É preciso o máximo cuidado para planejar uma empresa, organizando uma série de análises, como condições de compra de
matérias primas, desenvolvimento de produtos, estratégia de vendas, avaliação
de um bom ponto comercial a preço viável, capital de giro para manter o negócio
deficitariamente pelo tempo necessário à sua maturação, contratação e
treinamento de empregados de qualidade, e tantos outros desafios operacionais. Costuma-se
ter uma ideia geral desses riscos, mas infelizmente não é comum avaliar a
partir de que nível de vendas a empresa dará lucro, e qual a dificuldade para
atingir essas vendas.
Uma vez iniciado um negócio, a imensa maioria se guia apenas pelo fluxo do caixa, ou seja, olha apenas se entra mais dinheiro do
que sai. Isso é perigoso. É preciso avaliar o resultado efetivo das operações. Além
disso há os impostos. Apostando na incapacidade do pequeno empresário em criar
e manter um sistema contábil que lhe informe se está obtendo lucro ou prejuízo,
o governo estimula o uso do Simples. Esse sistema de tributação é na essência a
soma dos impostos sobre faturamento (Pis e Cofins) com os incidentes sobre o
lucro (IRPJ e CSLL), presumindo que exista certo nível de lucratividade. O problema
é que o Simples tributa a empresa desde o primeiro dia, sem se importar se está
obtendo lucro ou não.
Uma regra tributária realmente simples poderia atenuar este problema: os novos empreendedores, em especial os menores, só
deveriam começar a pagar tributos sobre o lucro quando já tivessem resgatado
todo o valor investido no empreendimento (pay
back). Seria tanto um incentivo ao empreendedorismo como a incidência de um
imposto mais justo. Como controlar essa mecânica? Bem, isso é muito fácil,
considerando-se o alto grau de tecnologia da Receita Federal. Basta querer
respeitar esses bravos brasileiros.
O Estado, e sua fúria arrecadatória, precisa se afastar para que o empreendedor se concentre nos seus intrínsecos desafios. Impostos
e juros altos, paralisantes regras trabalhistas são problemas criados por
governos populistas e perdulários. Se não houvesse essas preocupações teríamos
empreendedores mais focados naquilo que realmente interessa numa empresa:
entendimento e atendimento do mercado, monitoramento da concorrência, melhor
gestão de estoques, custos e preços, aperfeiçoamento de produtos, inovação
etc., crescendo e empregando mais pessoas. Sobraria até mais tempo e, quem
sabe, recursos, para colaborar com a sociedade à sua volta, como ajudando a formar
mais empreendedores nas escolas, colaborando com projetos socioambientais etc.
Enfim, um empreendedor na plenitude de seu potencial e importância social.
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