Por que sou contra o aborto, ou , Quando a ciência e o STF parecem sem-noção, por Ricardo Negreiros

Para mim é evidente que a vida começa na fecundação do óvulo, na criação do ovo. A partir dali, e pelo tempo de sua vida, haverá uma imensa e sofisticada reação química em cadeia. O seu interior, e o de cada célula que se formará, conterá um fantástico programa genético de natureza binária (AT; CG)*, o DNA. 
Por ser muito mais complexo que um software de computador, o DNA contém várias qualidades excepcionais. Por exemplo, por meio de cópias de pedaços seus comanda, com um sincronismo impressionante, a construção da estrutura física micro e macroscópica de tudo o que nos compõe. Essa macroestrutura trabalha, por sua vez, de forma a aprender mais e mais regras do mundo exterior até chegar ao estágio adulto onde conheça as estratégias de reprodução para passar adiante as regras de construção que o primeiro ovo trazia. Num novo ciclo da vida.
Há quem diga que só existe vida quando o ovo atinge o estágio de feto, por volta dos três meses, quando teria certas estruturas neuronais já prontas, ou sei lá mais o que. Porém se acharmos natural matar um organismo pela simples noção de que é indesejado e/ou por não ter consciência, daqui a pouco estaremos matando todo mundo com mal de Alzheimer ou quem esteja em coma profundo.
Aliás, a ideia de preservação de quem está em coma é pela esperança de que volte à consciência em um determinado momento no futuro. Ora, aguardar que uma criança acabe de se desenvolver no útero de uma mulher guarda o mesmo princípio - basta esperar alguns meses que a vida se revelará com toda a sua riqueza.
Para ilustrar um pouco dessa ideia que o DNA é um algoritmo de construção, um projeto completo capaz de revelar a “maquete” de sua obra futura, escrevi esse texto onde fantasio que criei um programa chamado GenDo, que elabora simulações gráficas de como será uma pessoa, em seus diversos estágios, a partir da leitura do seu genoma:
O GenDo
Finalmente, completei a minha grande obra profissional: o GenDo! Com ele qualquer um de nós pode elaborar uma projeção qualitativa e morfológica do perfil de um ser vivo, a partir da análise genética de apenas uma de suas células. Basta que se peça a um desses laboratórios, hoje cada vez mais comuns, que sequenciem o seu genoma e lhe entreguem em arquivo txt, ou mesmo Excel ou PDF. O GenDo processa os dados a partir de qualquer desses formatos. Mas, o que resulta desse aplicativo?
1- Por exemplo, ao esquadrinhar a conformação molecular de cada gene de uma pessoa o aplicativo consegue projetar o seu funcionamento ao longo do tempo e definir qual o exato formato e funcionalidade das proteínas e células que dali serão produzidas a cada etapa.
2- Como exemplo básico o aplicativo pode reproduzir com exatidão o formato do rosto, dos olhos (e sua cor), nariz, boca, queixo, dentes etc., inclusive a cor predominante da pele de um bebê em todas as suas fases até a vida adulta. Assim como o rosto, todos os detalhes de um individuo podem ser projetados, como altura, musculatura, ossatura etc., o que, em conjunto com a análise mental de alguém pode resultar em grandes chances de se tornar um atleta de basquete, de futebol, de natação etc.
3- Uma outra funcionalidade é que, sabendo de antemão como cada célula se desenvolverá, inclusive os neurônios, o GenDo pode também, por exemplo, definir como será todo o arcabouço cerebral de uma pessoa. Então, por exemplo, pode notar que determinado hipocampo, um importante órgão envolvido no processo da memória, terá dimensões ligeiramente maiores que acima da média, o que virá a ajudar aquele indivíduo a obter um desempenho em matemática bem superior que outros. Por outro lado, se aspectos da estrutura emocional também se mostrarem em certo formato poderemos antever uma predisposição às artes, e assim por diante. Um leque de carreiras pode resultar de cada conjunto de características mentais também.

Importante deixar claro que as simulações do GenDo levam em conta que o organismo será nutrido e cuidado apropriadamente com o máximo de atenções, amor e baixos níveis de estresse. Algo que ficou muito claro para todos nós da equipe é que, ao usarmos como premissa básica os níveis máximos de cuidado alimentar e afeto, quase 100% das projeções resultaram em indivíduos sempre muito saudáveis, bonitos e talentosos. (O aplicativo também permite colocar roupas nas projeções, conforme os gostos que o GenDo projeta que o indivíduo terá.)

Vejam dois exemplos de simulação do GenDo, o projeto 367-Luma e o projeto 1937-Jamir:


A ideia do GenDo nos demonstra claramente que o algoritmo contido na carga genética de um ovo é suficiente para desenvolver de forma contínua uma estrutura maravilhosa, viva e repleta de fantásticas possibilidades. É só dar amor e tempo.
Se uma grávida pudesse olhar nos olhos do próprio filho que está em seu ventre, e perceber o brilho da esperança e do amor incondicional que nela são depositados, perceberia melhor que tem a responsabilidade de confirmar a pessoa maravilhosa que aquela criança indefesa poderá se tornar. E aí, provavelmente, não abortaria.
Acreditamos, portanto, que o uso corriqueiro do GenDo tenda a reduzir o impulso da prática do aborto, mostrando a cientistas e ministros do STF que é preciso soluções mais dignas e uma avaliação muito mais ampla quanto ao desafio da gravidez indesejada. E que tenha como base o respeito à sacralidade da vida em qualquer dos seus estágios.

(*) Em minha teoria do analogismo fechado a vida está contida num algoritmo escrito em código binário porque os nucleotídeos Citosina e Guanina, assim como a Adenina com a Timina, estão sempre juntos. Logo, se substituirmos no genoma transcrito CG por 0 (zero), e AT por 1 (um), veremos claramente um código estruturado de forma binária, tal e qual um programa de computador.

Comentários

  1. Pode estimular o contrário, ou seja aborto em massa de embriões que iriam resultar em adultos fracos, feios, ou parvos, segundo os padrões de suas donas e donos. Como o aborto de bebês mulheres na China ou o homicídio de bebês com defeitos de nascença entre os yanomâmis.

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    1. Hoje já existem muitos embriões congelados que assim ficarão eternamente. Sofia Vergara é um caso notório. As mortes de bebês na China ou entre os yanomâmis não muda com nada, pois já o fazem...

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