A
maioria dos empreendedores novatos avalia o seu sucesso basicamente pelo fluxo
do caixa, ou seja, monitora apenas se na atividade está entrando mais dinheiro
do que saindo. Essa simplificação é muito perigosa. É preciso apurar o resultado
efetivo das operações, especialmente os custos. Além dos gastos intrínsecos, tais
como matérias primas, aluguéis e salários, há os impostos.
Apostando
na incapacidade do pequeno empresário em criar e manter um sistema contábil que
lhe informe se está obtendo lucro ou prejuízo, o governo estimula o uso do Simples.
Esse sistema de tributação é na essência a soma dos impostos sobre faturamento
(Pis e Cofins) com os incidentes sobre o lucro (IRPJ e CSLL), presumindo que
exista certo nível de lucratividade. O problema é que o Simples tributa a
empresa desde o primeiro dia, sem se importar se aquela empresa está obtendo
lucro ou não. O Simples drena a energia financeira das empresas sem a menor
piedade.
Minha
sugestão para a criação de novos negócios e empregos é que os empreendedores
menores, por exemplo, com até R$1 milhão investidos, só deveriam começar a
pagar tributos sobre o lucro quando já tivessem resgatado via dividendos todo o
valor investido no empreendimento (pay
back). Desse estágio em diante formas simplificadas de apuração da lucratividade
real seriam a base da tributação.
Essa
forma de avaliação incentivaria o empreendedorismo por meio de um mecanismo simples
e de fato mais justo que o atual. Note que a mecânica que proponho é similar à
dos investimentos em bolsas de valores: os impostos na venda de ações incide sobre
a parcela que supera o valor investido. Nesse caso o imposto incide sobre um ganho
muitas vezes especulativo, que não deriva da trabalheira e nem dos riscos de perder
tudo, como é o caso dos empreendedores do setor real.
O
Estado, com sua fúria arrecadatória, precisa parar de pressionar as empresas,
especialmente as mais jovens, para que o empreendedor se concentre nos reais desafios
do seu negócio. Impostos complexos e impagáveis, juros altos e paralisantes
regras trabalhistas são problemas criados por governos populistas e
perdulários. Se não houvesse esse tipo de entrave os empreendedores poderiam ficar mais atentos
ao que realmente interessa numa empresa: entendimento e atendimento do
mercado, monitoramento da concorrência, melhor gestão de estoques, custos e
preços, aperfeiçoamento de produtos, inovação etc. Haveria maior crescimento da
economia, mais empregos para a população e, quem sabe, mais recursos privados
para ajudar a formar mais empreendedores nas escolas, para apoiar projetos
socioambientais etc. Enfim, empreendedores na plenitude de seu potencial e
importância social.
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