A claustrofobia salvará a economia? (ensaio de soluções, por Ricardo Negreiros)

Já há alguns dias venho notando uma sutil, mas crescente atividade nas ruas e supermercados, da Zona Sul à Zona Norte do Rio de Janeiro. De ambulantes a atletas de fim de semana que continuam se exercitando nas praias. Há casais, pais com filhos e até mais idosos andando vigorosamente por aí. Bares de porta escancarada ou meio aberta também fazem esse movimento.
Por que? O que está havendo para transgredirem tantas leis governamentais e recomendações sanitárias?
Penso que a principal explicação é que a sensação de risco, que nos alerta para ficar em casa, está entrando em choque com a ansiedade de não podermos sair, enclausurados. A força da claustrofobia está vencendo aos poucos, reforçada por um curioso otimismo. Há cada vez mais pessoas achando que já pegaram o vírus e que não ficarão doentes.
Certas ou erradas, essas e outras pessoas (que se entendem) fora da faixa de risco escutam todos os dias sobre mortes, mas não recebem informações do quanto o sistema de saúde está longe ou perto de colapsar. Importante também: entende-se por colapso a impossibilidade de atender os casos mais aterradores, que necessitam de respiradores em UTI. E isso parece que de fato ainda não está acontecendo, pelo menos por enquanto.
Qual a solução?
I.      Presumindo que as pessoas possam estar certas de sua vitalidade deveria haver investimento máximo em tempo e recsursos do governo em testes rápidos para que qualquer um, sem necessidade de hospital, possa saber se está imunizada ou não. Caso sim, estariam livres do confinamento para todos os efeitos.
II.    Prudente divulgar diariamente, por estado, quadros esclarecedores mais específicos, tais como o seguinte:
Não vejo como segurar centenas de milhões de pessoas em casa num país tropical e com tanta necessidade econômica. Acho que haverá um movimento crescente retroalimentável – mais gente na rua, menos medo, mais gente na rua... Todas ávidas por ar fresco e pulso de vida. Um processo de autolibertação que evoluirá cada vez mais rapidamente, forçando a cada vez mais exposições e às suas consequências.
A segunda fase será a seleção natural daqueles que conseguem e dos que não conseguem se manter bem (ou vivos). Se a curva será mais íngreme ou achatada por tudo isso, difícil dizer, mas estou inclinado a acreditar que será mais achatada.
Assim, parte da economia se manterá viva. Há quase duzentos anos Darwin explicou o mecanismo.
NOTA – A foto da senhora pode denotar um problema específico, de senilidade ou Alzheimer, não representando necessariamente reforço aos argumentos do autor.


Comentários

  1. Estou lendo tudo e gostando muito ! Parabéns pelas posições, pensamos muitas coisas de maneiras bem parecidas ! Abraço !!

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