Para um bom
planejador financeiro, tomar empréstimos (financeiros) tem basicamente três finalidades
bem distintas:
Tipo 1 –
Para financiar investimentos objetivando obtenção de receita, com a qual quitará o próprio empréstimo. Há, portanto, contrapartida
clara de ativos produtivos, como exemplos:
. Compra de
estoque;
. Eventual
financiamento do ciclo de vendas - ver comentários sobre (*) empréstimo de
Capital de Giro;
. Aquisição de
máquinas e equipamentos;
. Projetos ou
ativos produtivos novos, como terrenos, galpões, lojas;
. Reforma da
linha de produção; etc.
Tipo 2 –
Para quitar despesas não essenciais e/ou não diretamente associáveis à obtenção
de renda, cujo fruto poderia quitar o próprio empréstimo. São exemplos:
. Contas administrativas
não essenciais;
. Projetos genéricos
de marketing;
. Veículos de
passeio;
. Emprestar a
sócios; etc.
Tipo 3 –
Para emergências não planejadas.
Por óbvio se
conclui que empréstimo bom é aquele que é usado para gerar, essencialmente,
recursos para a sua própria quitação. E, de preferência, gerar lucro também.
O conhecido (*)
empréstimo de Capital de Giro não pode ser vulgarizado. É essencialmente um
reforço no caixa, eventual e custoso, para ajudar no fluxo financeiro. Se não
houver cobertura de ativos a quem aquela dívida suporta pode-se estar meramente
financiando prejuízos passados ou em andamento. Pelo menos o total do disponível, estoque e
recebíveis somados precisa ser em valor superior ao total da soma de obrigações
trabalhistas, contas a pagar (com fornecedores) e impostos indiretos, mais o
referido empréstimo. Dada a alta onerosidade do CG, se houver um problema crônico e
relevante de descasamento de prazo relativo a giro de estoques, prazo de compras e prazo de
vendas, deve-se criar uma reserva financeira estável, evitando-se assim o
pagamento de juros por empréstimos. Via retenção de lucros ou mesmo capitalização.
Empreender precisa
de constante planejamento e o monitoramento frequente desse planejamento e de
seus desvios. O empréstimo emergencial tomado para quitar contas em atraso, por
exemplo, é um forte sinal de alerta de graves problemas econômico-financeiros na
empresa. Pode-se estimar ou elaborar um plano que dá errado? Claro, pois nada é
isento de risco. Mas tanto os erros quanto os acertos requerem diagnósticos analíticos
de causas, consequências e contexto. Senão cada decisão se torna uma prática de gambling, uma mera sucessão de apostas no escuro, uma aventura.
Infelizmente, devido
à dificuldade técnica para o padrão de gestor financeiro (diretores e CFOs) que
predomina nas empresas, sejam brasileiras ou não, a tomada de empréstimos não costuma
sofrer esse tipo de análise. Trata-se, muitas vezes, de um puro ato de fé. Fé de
que, com aquela injeção de capital os problemas estruturais vão se resolver
sozinhos, como num passe de mágica, e o empréstimo será quitado no vencimento,
sem nada piorar. Então, basta mandar rezar.
No País dos Juros
Altos, tomar empréstimos sem o devido planejamento costuma ser o prenúncio de
fracasso. É trazer para o negócio um segundo “voraz sócio indesejado” – os bancos.
O primeiro “voraz sócio indesejado”, como sabemos, é o Fisco.
É bem verdade
que uma boa alternativa a empréstimos é a capitalização por meio de sócios
novos ou antigos, mas cabe a estes a mesma preocupação com o tratamento e o destino
dos recursos. A não ser que também sejam viciados na adrenalina dos cassinos de
Las Vegas.
A esses, boa sorte!
No país dos juros altos, só o dono do negócio arrisca investir. A maior parte do crédito empresarial é para capital de giro.
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