Você
acha a vida longa ou curta? Considera-se grande ou pequeno? Tudo depende do seu
referencial. Avaliar mais de perto essa resposta pode nos trazer alguma reflexão
mais profunda sobre o mistério da nossa consciência, ou sobre como mantemos em imensa
harmonia os 50 trilhões de células sob essa consciência? Vejamos...
O
cérebro é feito para nos ajudar a sobreviver diante do que está ao nosso padrão
espacial, de tamanho. O metro (m), ou coisa que o valha, é o nosso referencial
mais intimamente conhecido de medição do espaço. Ocorre que, para podermos
sobreviver em uma superfície habitável, precisamos também da capacidade de permanecermos
estáveis sobre o solo. Portanto, uma segunda dimensão precisa estar em perfeita
consonância com o espaço: o tempo, que, não por coincidência, é a segunda
dimensão (em segundos) constante da taxa de aceleração da gravidade, no caso da
Terra g = 9,81 m/s2.
(O resto do desafio científico maior leva em conta massa e energia, mas são
dimensões dispensáveis à natureza meramente reflexiva desse post.) Você já se deu conta de que tudo o que vivemos e consideramos real - altura, velocidade, distância, peso, velocidade do pensamento, reflexos, movimentos etc. -, é basicamente uma consequência desse sistema de proporções? E se tivéssemos um tamanho menor, extremamente pequenos? Sigamos...
Einstein explicou pra todo mundo que o tempo é
indissociável do espaço. Acredito que se referia a segundos e metros em suas
grandes escalas, tais como do nosso tamanho para cima. Mas, enquanto este teorizava sobre
a imensidão do Cosmo, Max Planck estudava o infinitamente pequeno, sendo considerado
o pai da teoria quântica, o que lhe valeu o Prêmio Nobel de Física em 1918.
Sabemos também que as teorias do imensamente
grande, desenvolvidas por Einstein, não conseguem se alinhar às do universo minúsculo.
A teoria quântica apresenta uma realidade muito diferente do nosso mundo
observável. É amparada por curvas de probabilidade, de modo que Einstein não
escondia o seu incômodo: “Deus não joga dados”, dizia.
Não iremos aqui divagar sobre tais questões,
que considero privilégios de quem detém um alto grau de genialidade, muito longe
do meu alcance. A ideia aqui é mergulhar em reflexões sobre dimensões extremamente
pequenas. Tão pequenas que atualmente só conseguem ser investigadas por deduções
físico-matemáticas apoiadas pelo trabalho bruto de choques entre partículas em
mega-aceleradores.
Nesse post não científico pretendo apenas exercitar
a imaginação por meio de matemática básica aplicada às menores dimensões de tempo
e espaço conhecidas, calculadas (não me perguntem como) por Planck. Chamo-as
aqui de DP e TP:
. Distância de Planck = DP = 1,6 x 10-35
metros naturais (mNt) = 1,6 x 10-32 milímetros naturais (mmNt)
. Tempo de Planck = TP = 10-43
segundos naturais (segNt)
Com esses dados vamos juntos imaginar um universo
muito pequeno e funcional, que batizei de “mundo Planck” e compará-lo ao nosso
mundo natural.
I - O micro Planeta Terra Planck:
Abstendo-se do que se conhece sobre a
estranheza lógica das regras da Física Quântica nas menores dimensões de tempo
e espaço, pense no quanto pode haver de “liberdade de possíveis eventos” potencialmente
cabíveis num mundo compatível com o tamanho próximo às dimensões de Planck, no que
apelidei de “mundo Planck”.
Por exemplo, o diâmetro da Terra é cerca de
12.743 Km, ou, 12,7 bilhões de milímetros naturais (mmNT) e o diâmetro de um
átomo tem 10-7 mmNt. Se considerássemos que um simples átomo do “mundo
Planck” tivesse como diâmetro um trilhão de DPs (sendo por nós chamado de átomo
Não Natural), quantos planetas Terra do mundo Planck caberiam em um milímetro natural
(mmNT)?
1)
Quantos átomos enfileirados dão o diâmetro da
Terra?
12,7 bilhões de milímetros
divididos por 10-7 mmNt = 127 x 1015 átomos naturais
2) No nosso “mundo Planck” arbitramos que o diâmetro do átomo (não natural NN), para que tenha mínima funcionalidade determinística (bem) teórica, tem um trilhão de vezes a distância de Planck, DP = 1,6 x 10-32 milímetros naturais (mmNt). Logo:
Diâmetro do átomo não natural = 1,6 x 10-32 mmNt x 1.000.000.000.000 = 1,6 x 10-20 mmNt.
3) Para criar equivalência entre Terra Nt (“natural”) e Terra NN (“não natural”) temos que multiplicar a quantidade de átomos enfileirados (que completam um diâmetro da Terra em átomos) pelo tamanho do átomo não natural:
Diâmetro Terra NN = 127 x 1015 átomos x 1,6 x 10-20 mmNt
Diâmetro Terra NN = 0,00203 mmNt,
Ou seja, em 1mm natural, como o conhecemos,
caberiam 1/0,00203 planetas Terra teóricos, do “mundo Planck”, quer dizer, 492
planetas Terra enfileirados um ao lado do outro. Assim:
Conclusão I – Há espaço para acontecer muita coisa em apenas 1mm, não acham?
II - O micro Tempo Planck:
Como já comentamos, para haver funcionalidade,
espaço e tempo guardam uma necessária proporção entre si – lembremo-nos da taxa
de aceleração gravitacional. Porém, para propósito apenas da reflexão do post
(e incompetência matemática minha), vamos arbitrar (imaginando guardar
suficiente folga temporal para microeventos) que um segundo do mundo Planck (1
seg NN) contenha um bilhão de TPs. Quantos anos do micro Tempo Planck caberiam
em um segundo natural nosso conhecido?
1) Quantos segundos não naturais haveria em um segundo natural?
Tempo 1 segNN = 1.000.000.000 x TP = 1.000.000.000 x 10-43 segundos naturais (segNt)
Tempo 1 segNN = 10-34 segundos naturais (segNt)
2) Quantos
segundos existem em um ano?
1 ano = 365
x 24 x 60 x 60 segundos = 31.536.000 segundos
3) Um ano de Planck equivalem a quantos segundos naturais?
31.536.000 segundos não naturais = 31.536.000 x 10-34 segundos naturais = 3,15 x 10-34 segNt
4) Quantos anos de Planck cabem num segundo natural?
1segNt/(3,15 x 10-34segNt) = 3,17 x 1026 anos = 317 milhões de bilhões de bilhões de anos
Conclusão II – Há tempo de sobra para muita coisa em apenas 1 segundo, não acham?
Diante desses números curiosos, a impressão que
tenho é que de fato há muito o que explorar e aprender do Cosmos, porém precisamos
compreender ainda mais sobre os tijolos fundamentais dos quais somos feitos. Há
muito “espaço” para microeventos, sem contar os mistérios e desafios de
compreensão da não-localidade do universo, do emaranhamento quântico, salto quântico,
matéria e antimatéria "piscando" no vazio, dualidade partícula-onda etc.
Refletindo por meio dessa imensa subdivisão potencial de tempo e de espaço acredito que seja possível imaginar caminhos e soluções inovadoras para antigos dilemas do conhecimento. Por exemplo, pode ser que o nosso pensamento consciente leve um “tempo” mais que suficiente para ser elaborado e organizado, e não seja essa coisa que nos parece rápida demais e aparentemente “improvável”. Afinal, pela perspectiva do louco “mundo Planck” que imaginei até a luz viaja a passos de tartaruga, assim como todas as nossas ações...
Quando nos damos conta de que somos feitos de
algo em torno de 50 trilhões de células, altamente organizadas, integradas e
estáveis com seus sem-número de átomos, importante perceber que no microcosmo,
esse “mundo Planck” que imaginei, há mistérios provavelmente bem maiores e impressionantes
do que o que vemos no espaço.
Quem sabe não existam regras de sincronização
de partículas num nível que desconhecemos? Uma coisa é certa: como já
publiquei, a organização de qualquer estrutura começa de baixo para cima – Bottom-Up.
Não se constrói um prédio a partir da cobertura ao solo. Sua construção começa
da sapata pra cima. Não pode ser o contrário.
Por essas e outras ando encucado que a solução para muitas questões relativas à nossa “existência”, que para mim atingiu um nível acima da concepção de “vida”, precisam ser discutidas no “mundo Planck”.
Ou algo assim...
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